Mineiro
de Itabira, escritor e ícone da literatura brasileira, nasceu o ano de 1902, e morreu no Rio de Janeiro, no dia 17 de agosto de
1987, doze dias depois do falecimento de sua filha, a escritora Maria Julieta
Drummond de Andrade.
Drummond
teve influência marcante na terceira fase do modernismo no Brasil, sendo
considerado um dos maiores representantes da literatura brasileira no século XX.
Com seus poemas sobre o dia a dia com grande ironia e pessimismo, o autor marcou
a literatura brasileira como no poema “No meio
do caminho”:
No
meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.
Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra
Carlos Drummond de
Andrade ANDRADE, C. D. Uma pedra no
meio do caminho. Rio de Janeiro: Editôra do Autor, 1967.
Em Carlos Drummond de Andrade,
observa-se um grande amadurecimento das aspirações estéticas modernas, num
momento em que o modernismo já se afirmava definitivamente, embora ainda causasse
choque. O autor apresenta
uma poesia concreta, objetiva e com linguagem mais popular, incentiva a
liberdade para escrever, como muitos modernistas do seu tempo, e dá um tom
ácido aos seus escritos com versos irônicos e sarcásticos.
Os principais assuntos abordados por
Drummond em seus textos são: a
existência humana, conflitos sociais, família e amigos e lembranças retratadas
por ele.
Suas
principais obras são:
No Meio do
Caminho, poesia, 1928
Alguma Poesia, poesia, 1930
Poema da Sete Faces, poesia, 1930
Cidadezinha Qualquer e Quadrilha, poesia, 1930
Brejo das Almas, poesia, 1934
Sentimento do Mundo, poesia, 1940
Poesias e José, poesia, 1942
Confissões de Minas, ensaios e crônicas, 1942
A Rosa do Povo, poesia, 1945
Poesia até Agora, poesia, 1948
Claro Enigma, poesia, 1951
Contos de Aprendiz, prosa, 1951
Viola de Bolso, poesia, 1952
Passeios na Ilha, ensaios e crônicas, 1952
Fazendeiro do Ar, poesia, 1953
Ciclo, poesia, 1957
Fala, Amendoeira, prosa, 1957
Poemas, poesia, 1959
A Vida Passada a Limpo, poesia, 1959
Lições de Coisas, poesia, 1962
A Bolsa e a Vida, crônicas e poemas, 1962
Boitempo, poesia, 1968
Cadeira de Balanço, crônicas e poemas, 1970
Menino Antigo, poesia, 1973
As Impurezas do Branco, poesia, 1973
Discurso da Primavera e Outras Sombras, poesia,
1978
O Corpo, poesia, 1984
Amar se Aprende Amando, poesia, 1985
Elegia a Um Tucano Morto, poesia, 1987
O conjunto de sua obra poética é complexo e vasto, do qual,
pela freqüência, é possível destacar certas características e tendências. Ao
observar as obras de Carlos Drummond Andrade pode-se notar uma evolução em sua
escrita, sendo possível dividir as suas obras em 4 fases:
1ª fase (a fase gauche): tem como características o pessimismo, o isolamento,
o individualismo e
a reflexão existencial.
Nota-se nesta fase um desencanto em relação ao mundo.
Características dessas obras: ironia, o humor e a linguagem coloquial.
2ª fase: chamada fase social, é marcada pela vontade do poeta de participar e tentar
transformar o mundo, o pessimismo e
o isolamento da 1ª fase é posto de lado. O poeta se solidariza com os problemas
do mundo.
3ª fase: pode ser dividida em 2 momentos: poesia filosófica e poesia
nominal.
Poesia Filosófica: textos que refletem sobre vários temas de preocupação
universal como a vida e a morte.
Poesia Nominal: repletas de neologismos e aliterações.
A fase final (o tempo das memórias)
Como o próprio nome já diz, as obras desta fase (década de 70 e 80), são
cheias de recordações do poeta. Os temas infância e família são retomados e aprofundados além dos
temas universais já discutidos anteriormente.
ANALISE DA OBRA POEMA DE SETE FACES
Publicado em seu primeiro livro,
Alguma poesia, de 1930, no Poema de sete faces, de Carlos Drummond de Andrade,
o poeta aborda assuntos como o desejo sexual desenfreado dos homens, questiona
sobre o seu próprio eu e faz uma cobrança a Deus. Por meio de metáforas ele
revela a sua visão com poucas esperanças diante da vida e do mundo.
É um poema em verso livre mas que possui uma unidade rítmica
ditada pela cadência da oralidade. Tem em sua maioria versos brancos e a rima
quando ocorre não é acidental ou formal, mas um elemento acessório ao conteúdo.
Trata-se de um exemplar de estilo típico de sua obra onde mistura muita
oralidade a eruditíssimos pinçados em pontos estratégicos para o entendimento
do texto.
O
título “sete faces” representa as sete estrofes trabalhadas no poema, que tem
um perfil autobiográfico, algo que o autor evidencia já na primeira estrofe
quando fala em 1ª pessoa e utiliza seu próprio nome.
Nas estrofes seguintes ele revela
seu deslocamento diante da vida, na 5ª estrofe, por exemplo, ele questiona
Deus, e até nos remete a uma passagem bíblica em que Jesus está no momento de
sua crucificação.
REFERENCIAS:
ANALISE DA OBRA NO MEIO DO CAMINHO
O que chama atenção na peça é, de fato, a
redundância. Agora, o que há de tão
importante no poema só se revela na análise dos termos do discurso e na
interpretação de seus significados, bem como da relação que se estabelece entre
eles. É preciso investigar o que se esconde sob a constatação aparentemente
banal da pedra no meio do caminho. Assim, “pedra”, em sentido próprio, é
matéria sólida da classe dos minerais, enquanto o termo “caminho” significa
passagem livre ao trânsito. No entanto, em sentido figurado, a expressão “pedra
no caminho” é entendida como obstáculo que impede o trânsito, sendo que o
“caminho”, também figurativamente, pode ser visto como metáfora de “vida”. O
texto sugere claramente essa analogia.
É importante observar que o desvio da norma
culta, presente no uso coloquial do verbo ter em lugar de haver, provoca um
deslize semântico, sendo assim, na construção da obra a pedra aparece como
pertencente do caminho e não como um problema passageiro. Desta forma
entende-se que a analogia à pedra (uma obstáculo) é algo que todos temos
enfrentar em nosso caminho.
REFERENCIAS
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